COTA DE EMPREGO POR IDADE!?

"Até logo, meu filho! Papai traz um doce quando chegar do trabalho" Little Boy, ouvia isso todo dia de tarde quando o pai ia trabalhar, sabia que nunca ia conseguir esperar acordado pelo doce, mas que ia encontrar o chocolate em cima da sua cama ao acordar pela manhã. Para Little Boy, seu pai era grande, não somente no tamanho, mas em todas as suas coisas, suas roupas, o poder do seu olhar e sua voz. Seu pai era um rei, até quando parava no posto e pedia para o frentista olhar o nível da água. Little Boy queria ser assim quando crescesse, não tinha como dar errado, seria bem sucedido como o pai.
Esse garoto foi estudando, cresceu e se formou, é bem sucedido, mas não como o seu pai. O pai de Little Boy hoje, mora de aluguel com mais três filhos, está desempregado e mal consegue pagar as contas. O que aconteceu? Como explicar? Talvez o menino tivesse se enganado em sua visão, talvez o pai nunca tivesse sido um homem de negócios de sucesso como pensara.

Há 30 anos para ser um homem de negócios bastava ter talento, ser audacioso, inteligente e conseguir uma oportunidade, essas eram muitas, não importava a sua formação, as empresas estavam dispostas a apostar em você, a te capacitar. As empresas naquele tempo precisavam das pessoas. O pai de Little Boy se estabeleceu assim naquele mercado e como tinha talento e como tinha futuro.

Só que esse futuro chegou cheio de restrições, cheio de dificuldades, na economia do país, na educação, acabaram as oportunidades e agora você mesmo é quem tem que fazer a sua oportunidade.
Ser talentoso não é mais vantagem competitiva: "E MBA, você tem?", "Morou fora do país?", "Fala quantas línguas além do inglês, é claro?". Com essas perguntas os recrutadores reduzem ao pó os candidatos. "Tem quantos anos? Desculpe, essa vaga é para Trainees." São mais de mil portas fechadas para cada uma frestinha em que centenas de candidatos tentam passar de uma vez. O pai de Little Boy está fora.

Estão em tramitação no Senado dois projetos de lei para facilitar a contratação de pessoas acima dos 40 anos de idade. Introduzido pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM), o PLS 103/99 estabelece incentivo fiscal a empresas nas quais empregados com idade superior a 40 anos seja 30% de seu efetivo. Em contrapartida as empresas poderão deduzir do Imposto de Renda até 25% do montante de salários e respectivos encargos sociais pagos a seus empregados.

"O objetivo é minimizar, nunca resolver, um problema grave do mercado de trabalho no Brasil.

Pessoas com mais de 40 anos dificilmente conseguem encontrar emprego com carteira assinada. Muitas são barradas nas triagens feitas pelas empresas para recrutar empregados", diz o senador. Ao justificar sua proposta, Jefferson Péres observa que "nos próximos 30 anos continuará o alargamento da pirâmide etária no meio e no topo, o que fará com que o problema da marginalização dos idosos adquira contornos dramáticos se medidas não forem tomadas para estimular as empresas a mudar a política de pessoal".

As cotas, sejam elas raciais, para deficientes e agora de faixa etária são sempre combustível das grandes polêmicas e dúvidas no mercado de trabalho, mas será que trabalhando não fica mais fácil para esse trabalhador quarentão melhorar a sua capacitação, se atualizar e continuar ativo no mercado? E você, o que acha desses projetos de lei, será a oportunidade para o pai de Little Boy? Quem de nós não tem em casa ou conhece algum diamante mal aproveitado como ele?
Nota deste blog:
José Jefferson Carpinteiro Peres (Manaus, 18 de março de 1932 — Manaus, 23 de maio de 2008). Será que alguém vai levar em frente o projeto?

EMPREGO APÓS OS 40 ANOS

Como directora de recursos humanos, Maria passou a última década a mandar publicar nos jornais anúncios para seleccionar pessoas abaixo dos 40. Hoje, desempregada, é ela que vê o mercado fechar-lhe as portas porque há três anos 'ultrapassou' a idade que agora vê como uma sentença de desemprego.
Exercia o cargo numa multinacional quando, em 2004, aceitou um convite para dirigir o mesmo departamento numa empresa portuguesa sediada no Porto. Na altura, quando não pairava a ameaça dos despedimentos colectivos, nem a crise fazia a abertura dos telejornais, achou que a mudança podia dar-lhe maior potencial de crescimento. Tudo corria pelo melhor, até que as dificuldades económicas que começaram a sentir-se no início de 2008 obrigaram a administração a dispensar vários funcionários.
Em Março do ano passado, poucos meses antes de a empresa anunciar falência, foi a vez dela. Ficou no desemprego, uma realidade completamente nova numa vida carregada de sucessos profissionais. Mas não se assustou. Com um MBA em Gestão, uma vasta experiência em recursos humanos e mais de dez anos em cargos de direcção, preenchia todos os requisitos dos anúncios de emprego para a sua área e nível de qualificação. Todos menos um, que acabou por se revelar o mais importante.
"Candidato-me a tudo o que é anúncio, mas ninguém me chama. Não me dão sequer a oportunidade de ir a uma entrevista e é tudo por causa da idade. Quase todas as ofertas de emprego impõem o limite dos 40 ou mesmo dos 35 anos, o que até começa a ser mais frequente", lamenta.
Para já, Maria vai continuar a tentar, mas prefere não dar a cara porque, explica, o desemprego é um lugar estranho e "desconfortável". Sobretudo para os muitos que ainda se sentem no pleno das suas capacidades, mas já são vistos como velhos, aos olhos do mercado de trabalho.
Engenheiros, contabilistas, delegados de vendas, operadores de call-center, secretárias ou administrativos: são de todas as áreas as ofertas de trabalho, publicadas na Internet ou nos jornais, vedadas aos maiores de 40. Mas o que se tornou banal nos anúncios de emprego constitui, na realidade, uma contra-ordenação muito grave, segundo o Código do Trabalho (CLT no Brasil). Além de ser inconstitucional.
O medo do preconceito é tal que há pessoas que optam por omitir a data de nascimento nos currículos ou até que mentem sobre a idade, revela o presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Trabalho Temporário, Marcelino Costa: "Infelizmente, a discriminação etária está muito instalada em Portugal (Imagine- se no Brasil).
Só 24% dos 28 mil portugueses que no ano passado conseguiram emprego através do grupo Select tinham mais de 40 anos. Já na Adecco, que em 2008 arranjou trabalho a cerca de 25 mil pessoas, o número nem sequer chegou aos 10%.
A directora da Select, Sónia Silva, alerta ainda para outro factor mais difícil de combater: "Há uma ideia preconcebida de que os profissionais a partir dessa idade começam a entrar na fase descendente da carreira e deixam de se assumir como mais-valias para as empresas".
Notas em itálico,deste blog.
No Brasil esta realidade não é diferente e parece até mais acentuada.
Ter conhecimento, também pode ser motivo de discriminação, é o que se subentende.

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